Parte integrante do artigo: Globalização Regional, capítulo 4 de 4.
Como as empresas devem se preparar para essa nova realidade e os fatores, que as tornarão bem sucedidas nessa nova realidade mundial.
Por Wilson Ziolli
28 de novembro de 2018.
O tema é extenso, além de não ser uma unanimidade entre as empresas, ou até mesmo entre as pessoas. Contudo, um novo tipo de conduta está por vir, uma vez que o equilíbrio econômico mundial está por sofrer alterações. As empresas precisam se adaptar e se moldar a essa “nova ordem mundial”, parafraseando Caetano Veloso em sua conhecida música de mesmo título. Manter os negócios e expandi-los é vital para a sobrevivência empresarial, assim como a evolução dos ganhos e do seu valor de mercado.
Antes de discorrermos sobre o tema, gostaria de alinhar um conceito, para que não haja dúvidas de interpretação no decorrer do texto. Dividiremos o planeta em duas macrorregiões: os países maduros e os países emergentes. O primeiro, seriam os países que antigamente eram denominados como 1omundo, ou seja, Estados, Unidos, países da Europa e Canadá, países com economia madura e desenvolvidos. Os demais países serão categorizados como emergentes, pois de alguma forma possuem um potencial de mercado consumidor ainda não explorado em sua totalidade. Nestes países, consideramos os países do BRICS, países africanos, países da antiga URSS e outros. Tal definição é importante, pois a estratégia das empresas, provavelmente, serão diferentes para cada região e, principalmente , nestas macrorregiões, mas a ideia aqui, é apenas facilitar o entendimento.
Outro ponto importante, é lembrarmos que ainda estamos em uma instabilidade econômica, gerada por uma crise global, há alguns anos. Como consequência, diversos países estão se movimentando, agitando o mercado. Tais mudanças tem resultado em novos acordos ou na ruptura de antigos acordos econômicos, além de estarmos enfrentando uma nova revolução tecnológica. Esses dois pontos são os grandes motivadores dessa nova postura ou posicionamento da empresas, gerando assim, como consequência, estratégias diferentes de abordagem para cada país ou região, ou seja, direcionando as empresas para estratégias mais flexíveis, exigindo mais agilidade na tomada de decisão e na apresentação de novos produtos.
Em linhas gerais, os países maduros deverão encontrar um novo equilíbrio mercadológico, gerando assim novos acordos internacionais de comércio. Como consequência, as empresas se adaptarão a esse novo meio, porém os conceitos básicos da globalização deverão ser mantidos. Algumas empresas serão mais bem sucedidas do que outras, porém serão mantidos os conceitos básicos de mercado. Essa nova adaptação será feita em paralelo com o novo regime tecnológico, que seria a implementação de conceitos como: a inteligência artificial, automação, internet das coisas, entre outros. Esses conceitos irão garantir a competitividade das empresas nestes mercados, onde a concorrência é demonstrada de forma mais agressiva, ou seja, é preciso ter um produto inovador, com qualidade, mas com preço acessível.
Para as empresas garantirem essa adaptação e evolução, será necessário modificar suas estruturas e processos, para poder absorver todo o potencial dessas novas tecnologias. A competitividade destas empresas dependerão da utilização plena destes conceitos mais inovadores. Assim poderão atuar de forma mais flexível, gerar produtos ou serviços mais específicos para os clientes e, ao mesmo tempo, manter preços competitivos. Com isso, tais adaptações serão uteis não somente para garantir a competitividade nos mercados maduros, mas também para garantir o sucesso nos países emergentes.
Com flexibilidade e adaptação, a estratégia para os países emergentes deverá seguir as novas práticas regionais, ou seja, a concepção da regionalização global. Buscar aproveitar o melhor dos dois conceitos, o global e o regional. Dessa forma, todos os conceitos modernos aplicados para os países maduros deverão ser disponibilizados, pelo menos parcialmente, para os países emergentes. Não somente esses conceitos deverão ser empregados, mas outras ações deverão ser realizadas, a fim de garantir o sucesso da empresa nestes mercados.
Possivelmente, para que as filiais atuem e aproveitem o potencial mercadológico, deverão ter mais liberdade de decisão e de fabricação. Tais conceitos não são novos, podemos até dizer que são antigos, ou podemos dizer que se tratam dos mesmo conceitos aplicados pelas empresas antes da globalização. A diferença está na maneira como pode ser feito hoje, que não tinha como ser feito anteriormente. Basicamente por dois principais pontos: primeiro porque a comunicação atual é imediata, portanto é possível manter a presença da matriz na filial a qualquer momento e segundo, porque hoje é possível regionalizar produtos e manter a sua competitividade devido ao avanço da tecnologia nas empresas como um todo.
Dessa forma, as matrizes tenderão a contribuir da seguinte forma: 1. Na governança dos resultados e na conduta das filiais, garantido os valores e interesse da empresa; 2. Dando autonomia para as filiais na tomada de decisão em seus resultados; e 3. Suportar a filial com um portfólio competitivo, tecnologia de vanguarda e referencias globais de sucesso. Em contrapartida, as filiais deverão responder com: 1. Transparência de metas e resultados, além da comunicação contínua; 2. Busca por alternativas de portfólio e ganhos de mercado; e 3. Velocidade de decisão e ações, dentro dos riscos permitidos pela corporação.
Consequentemente, as corporações esperam ter maior velocidade de resposta para o mercado, atendendo de forma mais atenciosa, flexível e atingindo assim, a satisfação do cliente. Aproveitando as oportunidades de mercado, nem que para isso, seja necessário desenvolver localmente tecnologia ou fornecedores, a fim de desenvolver produtos que atendam aos clientes com qualidade e com preços competitivos para, quem sabe, encontrar um oceano azul.
Tal reorganização já pode ser observada em várias empresas no Brasil, algumas ainda de forma discreta, mas outras já tentando explorar ao máximo esse potencial, como no caso das empresas de bens de consumo.
A nova regionalização ainda está no início, principalmente, porque o cenário mundial ainda não está consolidado e novidades poderão aparecer. Logo, o cenário traçado dentro desses quatro artigos podem não ser efetivados, pois se trata de um exercício conceitual, no qual se tenta antecipar quais serão os próximos passos das grandes corporações nesse novo rearranjo da economia mundial.
E, por fim, essa nova globalização gerada por uma ruptura nos acordos econômicos tradicionais e por uma crise de conceitos políticos, pode não ser relevante perante a nova revolução industrial que está por vir, baseada nas novas tecnologias, com consequências, que ainda não estão claras, mas que deverão alterar toda a sistemática profissional da humanidade.