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Geração S: uma nova geração ou uma nova oportunidade?

Tivemos a Geração X, depois a Y e agora, está chegando a Geração Z. Ainda não está claro, qual será a próxima geração a assumir o protagonismo no mundo, porém, uma coisa já é certa. Outra geração surgirá, virá forte e bem atuante, a Geração S, ou melhor, os Seniores ou a Geração 50+.


Por Wilson Ziolli

28 de junho de 2019.



O tema gerações já foi assunto de um dos nossos artigos: “Y + Z = O desafio da gestão”(1), onde comentamos sobre as contribuições de praticamente todas as gerações anteriores até a Geração Z e o desafio da gestão em liderar equipes formadas por gerações tão diferentes na sua maneira de agir, pensar e contribuir com as instituições.Contudo, ao escrever esse artigo, percebemos que as gerações anteriores ainda irão contribuir e muito com as empresas, por uma simples questão, a pirâmide etária do Brasil e da maioria dos países está sendo alterada fortemente, ou seja, não teremos mais os jovens como a maior parte da população e a Geração 50+ será cada vez maior.


O envelhecimento da população já é um fenômeno notado há muito tempo, principalmente, nos países europeus. Contudo nos países emergentes ou mais pobres, isso ainda não era uma realidade. Porém, depois de muitos anos de globalização e de evolução nos direitos humanos, as taxas de natalidade e de mortalidade vêm caindo constantemente. Dessa forma, temos populações com uma média etária cada vez maior, assim como a sua longevidade, também, vem aumentando. Nas projeções oficiais já podemos notar essa evolução e, por consequência, a adaptação a essa nova geração será inevitável. O interessante desta questão está justamente ligado ao momento que vivemos, uma vez que estamos a beira de uma revolução tecnológica. Provavelmente, a maior já vista. O que gera, a princípio, um paradoxo para os próximos anos, onde teremos uma população mais sênior e, ao mesmo tempo, tecnologias mais complexas e sofisticadas. Um paradoxo pois, historicamente, as gerações mais seniores têm mais dificuldade de lidar com tecnologias mais modernas.


Antes de entrarmos nos desafios e oportunidades da Geração S, vale a pena, entendermos as projeções oficiais e tomaremos o Brasil como referência. Contudo, é importante ressaltar, que se trata de um fenômeno global e deverá afetar a maioria dos países do mundo no médio e longo prazo. Outro ponto importante, o aumento populacional da Geração 50+ não é algo novo e as projeções anteriores a este século, já demonstravam isso. O que muda é que estamos começando a vivenciar essa mudança.

Analisando os dados do IBGE de 2018, que foi baseada no censo de 2010, temos a seguinte projeção da evolução etária do Brasil:



Podemos perceber visualmente, como a faixa dos 50 até os 70 anos (faixa roxa) cresce no decorrer dos anos, representando em 2060 mais de 35% da população brasileira, ou seja, próximo a 58 milhões de pessoas. Se fizermos uma análise macro e assumirmos, que a população economicamente ativa brasileira está entre 20 e 70 anos, a Geração S irá representar 42% do total de pessoas economicamente ativas. Essa proporção já será alcançada em 2049. Parece um pouco distante, mas se observarmos 2040 e 2030, a proporção será de 39% e 34%, respectivamente, o que representará quase 50 milhões de pessoas. Hoje, de acordo com a projeção e assumindo as mesmas premissas, essa proporção atinge 29%, ou seja, já é bem substancial. Sendo assim, em duas décadas, a população 50+ deverá representar quase que 50% da mão de obra disponível para as empresas.

Até o dias atuais, ainda há uma tendência de mercado das empresas preferirem jovens no momento da contratação ao invés do 50+ por vários fatores, como custo, geralmente mais baixo, ou por sua criatividade, pois podem ser mais disruptivos. Entretanto, as empresas precisarão mudar a sua conduta e postura, caso contrário, não terão mão de obra suficiente para realizarem as suas operações, mesmo considerando o advento das novas tecnologias. Apesar de ter um time com diversos tipos de experiências, culturas, opiniões serem bem vistos nas corporações atuais, quando falamos de uma Geração 50+, iremos perceber, que há poucos atuando em grandes empresas. A maioria destes estão trabalhando em serviços em geral, como uma confeitaria, ou ramo imobiliário, ou em consultorias. Mas em empresas de grande porte, não podemos dizer que seja algo raro, mas se trata de uma minoria.

A preparação das empresas deverá ser geral, pois não somente terão que ter alguns cuidados com a Geração S para adaptá-los, mas também deverão ter cuidados na adaptação das gerações mais recentes, como a Z. Trata-se de um movimento parecido com que as empresas tiveram ao receber a Geração Y. A Geração S apesar de ser, na verdade, oriunda de gerações mais antigas, passou por muitas transformações durante a sua vida profissional, se adaptando e flexibilizando aos novos conceitos, tecnologias e oportunidades do mercado, perdendo parte de suas características originais e assumindo habilidades e conceitos de gerações posteriores. Por isso, resolvemos carinhosamente, renomeá-los e lembrando que ela sempre estará em transição.

Por exemplo, hoje, a Geração S é representada em sua maioria pela Geração dos Baby Boomers. Se fomos considerar 2030, terão mais Geração X e em 2060, mais pessoas da Geração Y, ou seja, a Geração S será caracterizada por estar em movimento e não mais pelas características originais de sua geração, mas sim, pela sua experiência profissional e pela sua adaptação aos conceitos profissionais trazidos pelas gerações posteriores. Provavelmente, essa nova geração será diferente da Geração 50+ de 2010, 2000 e anteriores, que cresceram com muitas limitações e restrições profissionais. As Gerações S mais atuais já passaram por uma série de adaptações e estarão mais bem preparadas, o que, por si só, já será um ótimo ponto a favor, uma vez que o mundo corporativo passará por uma enorme transformação nas próximas décadas e, portanto, quem conseguir se adaptar melhor a essa nova realidade, terá mais chance de alçar maiores voos.


Dessa forma, a Geração dos 50+ não poderá mais passar despercebida ou sendo desprezada pelas empresas. Ainda hoje, muitas empresas têm forçado uma redução da idade média do time de executivos com o intuito de tornar as companhias mais atuais, em sintonia com o mercado hoje. Fomentam a juventude, diversidade étnica e de gênero, o emponderamento feminino e outras iniciativas, que são extremamente importantes e ricas para o mundo corporativo, porém ainda não se vê de forma destacada a fomentação da diversidade etária. Provavelmente, esse movimento ganhará cada vez mais destaque em pouco tempo. O volume de pessoas 50+ aumenta, como já mostramos, e isso já está chamando atenção e já vem criando oportunidades, principalmente, no mercado consumidor. Já existem produtos específicos destinados a essa geração, como suplementos, mercado esportivo, mercado educacional e, até mesmo, o mercado imobiliário, onde deverão começar a aparecer condomínios destinados aos seniores por exemplo. O mercado para a população sênior ganha cada vez mais destaque e com o tempo, ganhará mais importância. Consequentemente, que essa importância irá refletir no portfólio das empresas e, logo após, irá refletir nas equipes destas corporações.


Ainda são poucas as empresas, que já se movimentaram neste sentido, porém já há iniciativas interessantes aparecendo. Uma delas seria o “mentoring reverso”, onde pessoas 50+ acabam recebendo um acompanhamento de pessoas mais jovens, para que atuem como facilitadoras neste processo de adaptação, entendam esse novo mundo, que já existe, e o que ainda está por vir. Orientem como devem se preparar e como buscar conhecimento para estarem aptos aos processos atuais e às novas tecnologias. Caso você tenha mais de 30 anos, provavelmente, já tenha se deparado com alguma dificuldade para entender algum dos novos conceitos, que vem surgindo. Podendo ser tecnológico, comportamental ou até processual, ou corporativo. O mundo VUCA (volátil, incerto, complexo e ambíguo, termo em inglês) já está na nossa porta, exigindo uma alta flexibilidade e uma alta velocidade de adaptação. Essa dificuldade aumenta após os 30, 40 e, também, após os 50.

Com isso, a Geração S, que queira se destacar, terá que ter uma postura mais condizente com a nossa atualidade. Que seriam:


  • Estar abertos ao aprendizado frequente e em diversas fontes. Pois escolas e universidades não serão mais os únicos locais de aprendizagem e os certificados tendem a perder a importância. O conhecimento já está disponível na rede e, muitas vezes, de graça. Aonde buscar torna-se a grande questão;

  • Entender que a sua experiência profissional passada é importante, porém pode não ser mais útil. A postura e comportamento no ambiente de trabalho será bem diferente das últimas décadas;

  • Estruturas organizacionais definidas, cargos e posições poderão deixar de existir. Entender o funcionamento das novas corporações e saber utilizar em prol dos resultados será um grande desafio;

  • Flexibilidade e adaptabilidade... sempre;

  • Antes falavam, que trabalhávamos dentro de caixas. Depois a orientação era para sairmos da caixa e, em breve, perceberemos, que não há mais caixa. Para aproveitarmos as oportunidades, as barreiras deverão ser derrubadas. O profissional deverá se preparar para ambiente de trabalho mais líquido;

  • Entender que errar não é mais algo ruim. O erro fará parte do aprendizado: tentar, errar, aprender, tentar, errar, aprender... Essa postura poderá trazer inovações ou soluções.

Muito desses pontos dependerá da vontade de cada um e da abertura que estarão dispostos a dar para as novidades. Em paralelo, as empresas precisarão apoiar a Geração 50+ com diversas iniciativas, a fim de inserirem no ritmo atual. Este apoio será fundamental e treinamentos específicos serão necessários e, como comentamos, não somente para eles. Toda a empresa deverá estar preparada para lidar e se adaptar à Geração S, a adaptação terá que existir de ambos os lados. Não adiantará produzir um software, por exemplo, ultra veloz e moderno, se as gerações anteriores não saberem utilizar e usufruir, tanto como cliente, quanto como um colega da sua área.

Sem dúvida nenhuma, tanto as empresas, quanto a própria Geração S terão que se preparar para os novos desafios e conseguir aproveitar todo o potencial, que eles podem gerar. O mundo será cada vez mais instável, tecnológico, ágil e diversificado e para se alcançar o sucesso, as corporações terão que ser mais tecnológicas, mais ágeis e, principalmente, mais diversificada. Diversificada em cultura, etnia, gênero e, também, ter diversidade etária. Todas essas diferenças possibilitarão, que a empresa esteja mais preparada para lidar com a complexidade do mercado e assim, aproveitar mais rapidamente as oportunidades iminentes. A Geração S deverá vir mais preparada e com mais vontade de contribuir, com o intuito de continuar a trilhar uma vivencia profissional com mais histórias e com mais sucesso.



Referências:

Todos os artigos mencionados no texto estão disponíveis no Blog TMC:

(1) “Y + Z = O desafio da gestão”

Link: https://www.blogtmc.com

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