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Por que ser ESG?

Atualizado: 13 de ago. de 2021

Ultimamente, estas 3 letrinhas estão aparecendo cada vez mais. Será que, realmente, devemos prestar atenção nelas? Será uma moda? Efeito da pandemia? Algo relevante para a minha vida profissional ou pessoal? Devo me interessar e ser um entusiasta ESG? Será que devo ler esse texto? Ah, essa última pergunta não podemos deixar sem resposta e ela é sim! Sim, vale a pena entender um pouco mais o que é ESG e, quem sabe, não se torne um entusiasta ESG!


Por Wilson Ziolli

28 de junho de 2021.


Atualmente, temos visto bastante essas três letras em diversos lugares. Muito nas propagandas dos bancos ou demais instituições financeiras e, mais recentemente, em diversas empresas de vários setores de mercado. Parece, que da noite pro dia, todos são ou se tornaram ESG. O termo ESG vem de Environmental, Social and Governance, um termo inglês, que pode ser traduzido para Ambiental, Social e Governança, ou ASG. Estes três tópicos não são novos no mundo corporativo e, nas últimas décadas, tem sido lembrado sistematicamente, ganhando importância a cada ano.


As diretrizes ESG começaram a ser desenhadas em 2005 por iniciativa da ONU, quando convidou um grupo de 20 investidores das maiores empresas de investimentos do mundo, de 12 diferentes países, a se juntarem e desenvolverem os princípios para um investimento responsável, ou o PRI (Principles for Responsible Investment). Estes princípios foram baseados nas diretrizes ESG, o que inclui a mudança de clima, direitos humanos, entre outros. Foram listados 6 princípios que norteiam o investimento responsável e sustentável, assim como, quais seriam os tópicos mais relevantes dentro destas diretrizes ESG, que seriam:


Ambiental: Aquecimento global, poluição da água e ar, biodiversidade, desmatamento, eficiência energética, gestão de resíduos e disponibilidade de água.


Social: Proteção de dados e privacidade, diversidade e inclusão, engajamento dos funcionários, relacionamento com a comunidade e respeito aos direitos humanos e às leis trabalhistas.


Governança: Independência e diversidade do conselho, estrutura dos comitês de auditoria, conduta corporativa, remuneração dos executivos, relação com entidades do governo e políticos, ética e transparência.


Realmente, o tema ESG é apaixonante e vem ganhando nos últimos anos mais importância e mais entusiastas, além da adesão crescente de investidores ao PRI. Para que vocês possam ter uma ideia, entre 2018 e 2020, houve um aumento de 55% na quantidade de signatários do PRI, o que representa um AuM (Asset under Management) de 103 trilhões de dólares em 2020. No Brasil, em 2019, houve um aumento de 33% no número de signatários, demonstrando assim, a força do tema e dos seus conceitos.


A ONU, sem dúvida nenhuma, foi fundamental neste processo. Ela tornou claro que os grandes investidores têm um papel fundamental na construção de um mundo mais equilibrado nas questões ambientais e sociais, devendo, de certa forma, pressionar as empresas a incluírem o ESG no seu foco de atuação, tornando-o um dos seus objetivos. Não adianta focar no lucro do curto prazo se o futuro não for promissor! Contudo, há diversos interesses por trás dessa conduta, pois nada são flores. O ESG é um tema nobre sem dúvida nenhuma, porém, até então, não era protagonista nas decisões de investimento ou de conduta de uma empresa. Ainda era um tema periférico, ao qual não se dava a importância devida, entretanto o tema vem ganhando importância no mercado consumidor e, consequentemente, gera mais interesse dos investidores. Tendo pressão dos investidores e do mercado, naturalmente, que o engajamento das empresas aumenta. Mas não para por aí! Quando analisamos a performance das empresas americanas nos últimos anos, percebemos que as empresas mais bem posicionadas nos termos ESG valorizaram mais de 50 pontos percentuais, acima do índice NYSE, ou seja, ser um ESG é um bom negócio. Esse efeito, também, é percebido nas demais bolsas do mundo.


Por todos esses fatores, o ESG vem ganhando força, o que é muito bom para todos, o planeta e as pessoas agradecem! Temas como o equilíbrio ambiental, energia sustentável, reciclagem, diversidade, equidade, ações anticorrupção e tantos outros temas, estão na pauta e tendem a evoluir rapidamente. Contudo, ainda há muito Greenwashers no mercado. Não sei se estão familiarizados com o termo, mas este é utilizado para definir as empresas, que se dizem socioambientais, porém, na prática, não agem de forma concreta ou não adotam o ESG de fato. A perspectiva ESG exige da empresa uma postura de longo prazo, pois para inúmeras questões ainda não existem soluções viáveis ou soluções no curto prazo. Por exemplo, viabilizar a reciclagem de plásticos. A solução é conhecida, mas ainda não é viável para muitos casos. Utilizar somente energia de fontes renováveis, pode não ser viável dependendo da localização do empreendimento e, como último exemplo, zerar a emissão de carbono de uma indústria de carvão, onde ainda não existe uma solução, a não ser deixar de usá-la. De qualquer forma, a empresa com uma postura verdadeiramente ESG, independente do mercado, ou do produto de comercialização, busca, ainda que seja no longo prazo, uma solução para resolver, ou pelo menos mitigar, tópicos que sejam sensíveis a estas diretrizes.


Apesar da criação do PRI ter ocorrido em 2005, somente nos últimos anos a pressão dos investidores vem sendo destacada. A BlackRock, por exemplo, maior gestora do mundo, com mais de 8 trilhões de dólares em ativos, a cada ano tem intensificado a sua participação em empresas socioambientais responsáveis, tornando sua postura cada vez mais forte. Em 2020, anunciou o desinvestimento em alguns setores baseados em carvão térmico. Tal atitude não vem à toa. Eles fizeram uma pesquisa com mais de 400 investidores de vários países, onde mais de 50% dos participantes consideram que os investimentos sustentáveis são fundamentais para a obtenção dos resultados.


Além da BlackRock, esta postura já pode ser vista em diversas empresas do mercado financeiro e, consequentemente, com as empresas investidas. Hoje é muito fácil achar gestoras e empresas relacionadas ao tema ESG. Empresas do mercado financeiro, como a XP, Fama Investimentos e Verde Asset Management, ou meios de comunicação, como a Exame e InfoMoney, vem abordando o tema constantemente, aumentando a quantidade de fóruns, artigos, podcasts, entrevistas, além dos investimentos relacionados.


Um outro exemplo que mostra a força do ESG no mercado global é o fundo ativista em ESG, Engine No1, que recentemente conseguiu conquistar 2 assentos no conselho da ExxonMobil, tida por eles como a “dinossauro dos combustíveis fósseis”. A intenção é implementar uma intensa agenda ESG na companhia, incluindo zerar a emissão de carbono até 2030. Além da ExxonMobill, a Shell foi responsabilizada pelo tribunal holandês, como sendo parcialmente responsável pelas mudanças climáticas no planeta e, portanto, terá que reduzir parcialmente suas emissões de carbono até 2030!


Com tanta atenção ou pressão oriunda dos clientes ou dos investidores, ou até mesmo de alguns governantes e instituições oficiais, as empresas vêm se movimentando, ou até mesmo, se transformando. Hoje já é comum ver profissionais posicionados na alta gestão, responsáveis por ESG. Atualmente, de acordo com a ANBIMA (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais), 34% das empresas pesquisadas já possuem uma estrutura separada para tratar ESG, ou possuem funcionários diretamente envolvidos, ou em vias de ter alguém pra tal. Empresas multinacionais tradicionais já estão colocando o tema ESG nos seus objetivos. Em sua última edição, a revista Exame premiou as empresas, que mais se destacaram nos princípios ESG, ou seja, tiveram que demonstrar de fato as suas ações nestes temas. Empresas como Itaú, Boticário, Movida, Loft, Ambipar, entre outras, foram destacadas. O interessante é a quantidade de setores envolvidos, foram 17 no total. O que mostra que os princípios ESG são para todos e não somente um grupo de empresas.


Apesar de todo cenário favorável, há algumas dificuldades como a padronização da mensuração do desempenho ambiental, social e de governança da empresa, assim como, na sua evolução. Atualmente, não há um padrão global de medição e de acompanhamento. Existem várias organizações e entidades que criaram uma mensuração própria, para que o desempenho ESG de uma empresa possa ser medido e assim informar ao mercado. Dentre elas podemos citar a MSCI, SASB e, talvez, com mais destaque, o Sistema B. As empresas certificadas pelo Sistema B se tornam “B Corps”, ou seja, um selo que ratifica o engajamento das empresas às diretrizes ESG. Atualmente, há 3.843 empresas certificadas no mundo, onde se poderá encontrar empresas como: Natura, Movida e Reserva. Ainda estamos no início de uma padronização, o Sistema B é um dos mais respeitados, porém ainda há muita dificuldade em um alinhamento destas métricas. Esta necessidade é crescente e, cada vez mais, teremos mais instituições ou empresas atuando neste segmento, o que deverá levar a um padrão.


Tanto no Brasil, quanto no mundo, as diretrizes ESG são cada vez mais relevantes, se tornando foco em qualquer empresa, independentemente do tamanho ou do segmento de atuação. Os investidores estão engajados e os clientes ansiosos e desejosos por empresas com uma atuação mais responsável nos quesitos ambientais, sociais e de governança. O futuro do planeta e da humanidade não pode mais ser deixado somente para os governos, pois se trata de uma preocupação para todos.


O momento é oportuno, ser ESG é rentável, além de ser nobre e sábio. Portanto, independente do viés que você tenha, mais pragmático ou mais emocional, o ESG vale a pena, ou seja, ser ESG é importante para todos. Empresas ou profissionais precisam adotar esses conceitos em suas atividades e na sua postura. Ter uma sociedade e um planeta mais harmônico e equilibrado é fundamental para a nossa evolução pessoal, e profissional, assim como para as empresas. Será que vale a pena ser um entusiasta do ESG? Agora, é a sua vez de responder...

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