Trata-se da grande questão do momento no mundo corporativo. Como ficará a nossa empregabilidade num mundo cercado de tecnologias inovadoras, onde atividades operacionais e administrativas deverão ser realizadas por máquinas. Como se preparar para esse novo mundo corporativo.
Por Wilson Ziolli
22 de fevereiro de 2019.

Depois do artigo “As novas tecnologias”, pudemos perceber, o quanto as novas tecnologias irão impactar nosso dia a dia e, também, nossa empregabilidade No decorrer da história empresarial, percebemos que em muitos momentos, houve um temor sobre a eliminação de postos de trabalhos, devido as novas tecnologias entrantes, o que não se confirmou no decorrer dos anos. Geralmente, temos a eliminação de um grande número de posições, mas são geradas novas posições em volume equivalente. Um exemplo conhecido, seria a inserção de robôs na linha de produção de um automóvel para soldagem na estamparia. Os soldadores foram demitidos, porém gerou-se a necessidade de pessoas, que pudessem operar esses equipamentos com eficiência.
No momento atual, tecnologias como IA (Inteligência Artificial), automação e veículos autônomos assustam com o seu potencial de eliminação de postos de trabalho. Provavelmente, chegaremos num certo momento, que os produtos serão produzidos em uma fábrica 100% autônoma, ou seja, sem a necessidade de pessoas operando fisicamente as máquinas, apenas poucas pessoas serão necessárias para gerenciá-la. Esse exemplo foi para uma fábrica, mas poderia ser aplicada em quase todos os ramos de atividade. As nossas vidas serão completamente diferente após a “Globalização 4.0” (Nome dado para a revolução industrial, que se espera após o advento da utilização destas novas tecnologias, vide artigo: “As novas tecnologias”). Então, como saber se terei emprego no futuro?
Essa pergunta ainda é muito difícil de ser respondida, pois ainda estamos um pouco cegos com relação as consequências, que estas inovações, podem nos trazer, uma vez que ainda estamos no início desse processo. Até o momento, a melhor resposta foi: “Se você consegue contar para alguém da sua família, o que você faz, provavelmente, você perderá esse emprego!”. Podemos dizer, que essa resposta tem uma aplicabilidade maior para o setor industrial, mas ela não exime setores como: entretenimento, cultura, serviços ou financeiro. Todos serão impactados em algum momento.
Um impacto direto e, provavelmente, o mais rápido, são as áreas operacionais de uma empresa, sendo elas físicas (como as fábricas) ou administrativas. Essas passarão a ser realizadas por processos automáticos, robôs e IA. Isso já vem acontecendo, em uma velocidade mais baixa, nas últimas décadas, mas deve aumentar nos próximos anos. Devemos chegar a quase 100% da eliminação dessas posições, devido ao potencial das novas tecnologias. Não há como saber, quando chegará esse momento, mas já se sabe, que ele será possível pela tecnologia.
Não somente as áreas operacionais serão atingidas, mas sim, todas as atividades operacionais. Trata-se de uma nuance importante, pois praticamente todos os colaboradores de uma empresa possuem atividades operacionais, ou atividades repetitivas. Dessa forma, posições que possuem colaboradores medianos, também, serão fortemente afetados, uma vez que possuem uma carga alta de atividades operacionais. Independente do grau de instrução, experiência ou conduta, se estes não possuírem, realmente, uma performance de destaque, ou alto desempenho, provavelmente, não estarão mais empregados. Provavelmente, somente os mais preparados deverão ter sua posição garantida.
Parece algo meio distante, mas olhem o efeito desta última crise no Brasil. Muitos conhecem pessoas com graduação, como engenheiros e administradores, que migraram para o setor de serviços, como: motorista de Uber, abrindo um restaurante, ou realizando outro tipo de serviço. Logicamente, que não estamos dizendo, que todos estes seriam colaboradores medianos numa empresa. Há exceções e cada caso é um caso, porém esse efeito, já é perceptível desde agora. Antigamente, dificilmente esse efeito era observado, mas com a novas tecnologias será algo mais rotineiro.
Para o futuro, cargos voltados para criatividade, TI (Tecnologia da informação) e empregos voltados para análise de dados serão os de maior destaque, assim como as atividades técnicas voltadas para a ciência, como: físicos, químicos, biólogos e outros. Setores da saúde serão, também, muito afetados com a evolução da engenheira genética e a IA. Diagnósticos poderão ser feitos de forma automática sem a necessidade de médico, doenças serão curadas, assim como os efeitos da idade serão atenuados. Provavelmente, os profissionais da saúde precisarão, cada vez mais, se aperfeiçoar nas novas tecnologias. Precisarão visar a sinergia entre os organismos biológicos com equipamentos tecnológicos, ou seja, a cibernética.
As empresas precisarão ter agilidade e flexibilidade para se manter fortes e atuantes no mercado consumidor. Provavelmente, os escritórios serão compartilhados (como coworkings), não importando aonde você irá trabalhar, mas sim os resultados gerados. Os resultados continuarão norteando as atividades de uma empresa, porém não somente os resultados financeiros. A imagem de uma empresa e a sua atratividade para possuir os melhores profissionais ganharão posição de destaque, se equivalendo aos resultados financeiros. A gestão da empresa, como um todo, será afetada. Áreas ganharão mais destaque e importância. Já outras, estão fadadas a desaparecer. Um tópico para uma futura publicação.
Dessa forma, os novos profissionais terão que ser extremamente flexíveis, conhecer bem as tecnologias, ter sensibilidade, saber atuar fortemente em equipe e em cooperação. Além disso, talvez a característica mais notória entre os especialistas, estes profissionais precisarão ter empatia! A empatia pode ser trabalhada, não necessariamente você nasce com ela. Ela será um trunfo para o profissional, pois transitar em todas as áreas, todas as atividades, sabendo sugerir, ouvir, criar, ser flexível com diversos times e tipos de profissionais não será simples. Assim como as empresas, os colaboradores terão que atuar com transparência. Falar, ou escrever, não será mais suficiente. O famoso “walk to talk”, numa interpretação livre: “fazer o que fala” será mandatório para ambos, empresa e colaborador. Apenas dizer que a empresa não compactua com atitudes discriminatórias, não será suficiente, assim como dizer que está preocupada com os impactos ao meio ambiente e continuar tendo produtos nocivos à natureza. Tal atitude será obrigatória, não pelo ideal, mas porque as informações vazam, chegam a todos, os resultados aparecem. Se não cumprirem o que dizem, provavelmente, os clientes buscarão alternativas.
Sendo assim, as informações serão cada vez mais relevante para uma empresa, independente do seu tamanho. Contudo, dentre estas, os dados serão o grande valor de uma empresa. Já vivemos um momento, onde já temos um volume grande de dados disponíveis. Esse volume deve aumentar ainda mais com as novas tecnologias. O palpite, ou achismo perderá importância, pois teremos acesso a uma infinidade de detalhes, que ainda não possuímos, nos permitindo trabalhar com mais precisão e com mais possibilidades de cenários. O chamado “Dataímos”, ou seja, a atuação através dos dados, ganhará importância e destaque. Por isso, é tida como profissão do futuro, o colaborador que possuir habilidades de analisar, manipular, entender e compreender os dados . Um exemplo, o Google, ou o Facebook. Eles armazenam todas as atividades de um usuário, como a página visitada, as horas, assuntos de interesse, o que comprou, ou o que comentou e etc.
Além de todas essas habilidades comentadas, há uma importante mudança de mindset nas pessoas: a política do erro. Até as gerações mais atuais, a política do erro foi fortemente usada no nosso aprendizado desde crianças. Seja pelos nossos pais, avôs, escolas, trabalho, faculdade, sociedade e, talvez, em todos os lugares, que frequentamos. Para quem não conhece, a política do erro é simples: “Errar é feio”, “Não podemos errar”, “Errar nos torna incompetentes”. A onda de startups da internet e dos aplicativos nos mostraram, que estávamos errados. Na verdade, a política do erro foi importante até um certo momento, nos dando qualidade de atuação, porém para o futuro, ainda não encontramos uma fórmula mágica. Por isso, a grande evolução deverá vir através das tentativas, ou seja, do “errar, até acertar”.
A nova política do erro pode ser definida como: “eu erro, eu aprendo e eu tento até conseguir”. O lema está em primeira pessoa, porém ele deverá ser dito por todos, inclusive as empresas. Errar é sadio, possibilita ter um aprendizado muito mais rápido. Deve-se tentar, ser resiliente e comprometido até se chegar ao objetivo. Não devemos nos sentir culpados por termos errado e nem culpar os demais por isso. O que não pode acontecer é persistir num erro e não evoluir, deve-se aprender com eles. Parece algo novo? Ou trata-se de algo natural? Nós mesmo, quantas vezes aprendemos com um erro? Provavelmente, inúmeras vezes e seguimos assim. Na verdade, é um movimento natural nosso, porém desenvolvemos uma cultura do “não errar”, que foi importante até um certo momento e, que agora, vem perdendo relevância.
A nossa empregabilidade será fortemente afetada nos próximos anos, exigindo uma mudança de comportamento, postura e de conhecimento diferente até o momento. Seguimos numa evolução contínua e, novamente, como já aconteceu em outros momentos e gerações, exigirá uma adaptação e flexibilidade, ainda não vista. Alguns ficarão e outros se adaptarão de tal modo, que as algumas habilidade atuais serão esquecidas. No momento, ainda estamos num forte nevoeiro e não conseguimos enxergar muito a frente, mas os mais preparados conseguirão passar e enxergar o horizonte. Se será uma linda paisagem ou não, ainda não saberemos, mas conseguiremos enxergar melhor além do momento atual e, de certa forma, nos prepararmos melhor para os novos desafios.